Acordes, Poemas e Drumond – Maurício Rosa

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ACORDES, POEMAS E DRUMOND

Música e Literatura caminham juntas desde os primórdios. Há uma grande junção entre ambas nos mais diversos estilos de arte. Desde a poesia presente numa canção de Chico Buarque, ao Barroco das partituras de Sebastian Bach. Bardos(cultura Celta) Aedos e Rapsodos, na Grécia antiga, como Homero, tinham a missão, não apenas de relatar os fatos de forma poética, mas de declamar uma tragédia trazendo da forma mais fiel possível o fato ocorrido. Por isso que hoje, algumas canções nos fazem chorar, enquanto outras deixam-nos trêfegos tal qual Angus Young tocando “Let There Be Rock”.

Desde o “Quinhentismo”, as letras influenciam no comportamento humano. “Ridendo castigat mores”.
( Rindo corrigem-se os males). Uma forma de escrita, através da qual o leitor ou espectador de uma peça de teatro, confrontava-se com a própria personalidade, enxergando-se em suas formas mais ridículas com intuito de livrar-se delas. Quem nunca se identificou com o personagem de um livro ou de uma canção?A arte tem uma abrangência imensurável, rica em detalhes. Quando falo em detalhes não digo apenas de letras, mas dos temas, melodias e execuções. Um Blues é sentido com leveza, a nota é exigido até sua mais intensa propriedade. A ópera nos conta uma história escrita. Não existe música sem letra. Como assim Maurício? Antes mesmo de você ouvir uma canção apenas instrumental, houve algo que é comum para todo artista: letras, histórias, fábulas, contos e muita poesia. Quem lê, mantém o cérebro lépido, eternamente, logo, a inspiração vem num cibório de inspiração para qualquer arte. Seja pintura, música ou escrita. A Literatura é crucial para o desenvolvimento humano e leitura é um hábito, ou seja, é preciso praticar. E o fato, peremptóriamente, indiscutível dessa prática, é que ela só traz benefícios.

Leia! Escute boas canções e expanda sua mente. Agora vamos ao que interessa.

Na última terça, 31, foi celebrada a data de nascimento de Carlos Drummond de Andrade. Indiscutível. Hoje estaria com 102 anos de idade.

Ele combinou muito sua vida e sua escrita com acordes. Inspirou e inspirou-se em grandes artistas musicais para compôr sua obra. O mundo tem janelas, portas e pensamento abertos, também, você fica trancado pôr opção (sem generalizar, óbvio) e não se preocupe, respeito isso. Quando resolver sair, estarei aguardando com meu violão afinado e minha mala cheia de poemas e canções que um dia narrarão uma epopeia moderna que teve máscaras, lágrimas, rezas e resiliência. Também teve morte, sequelas e muito luto. Mãos trêmulas e noites em claro. Dúvida e certeza.

Tudo que torna a vida muito complexa, não pode ser mais intensa do que a vontade de mantê-la. Pela manhã, você traça um ponto no chão e ao longo do dia, através de suas tarefas repetidas, vai formando um círculo que se fecha a noite. Diariamente. Por que não traçar pontos na vertical para cima? Cada dia uma subida (sinônimo de vitória) e não importa quem ficou lá embaixo, não subiu porque não quis. Ou porque não era para subir com você.

Drummond fez exatamente isso com sua vida. E se tornou uma referência. Ele viveu na vertical, sempre evoluindo. Está na hora de muita gente conhecê-lo melhor. Eu conheço demais, por isso recomendo.

Drummond faleceu meses após meses do falecimento da filha Maria Julieta. No dia 17/08/1987. Destaco o poema “Viola de Bolsa” e seu livro de estreia “Alguma Poesia “