A CULPA É NOSSA? Maurício Rosa- Crônica

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Temos vividos tempos confusos com a nossa mãe natureza, assim como as leis da física cobram quando “quebramos” elas, o clima também manda boletos. Alguns dizem que é falta de oração, outros que é imprudência governamental e até o fim dos tempos. Nesses últimos dias, tenho escutado muito a palavra “apocalipse”, mas eu, como sigo os ensinamentos de Cristo e já li o livro de João, autor do Apocalipse, certifico a você que a profecia é muito pior.

O que vivemos hoje: verões escaldantes, frios intensos e temporais veementes, é culpa nossa. Sim, a culpa é nossa. É da carteira de cigarro que você jogou no chão, do papel de bala que não pode ficar no bolso até acharmos uma lixeira, os litros de plásticos não recicláveis jogados no lajeado, das embalagens de vidro jogadas em terrenos baldios que você acha que ficaram ali para sempre, mas uma hora vão parar em outro lugar e é bem provável que desça até a central de esgoto próxima da sua casa que entope, alaga a rua e você tira foto reclamando da falta de empenho dos órgãos responsáveis. É da latinha cerveja que você jogou na rua ao invés de entregar aos coletores, dos calçados velhos e até dos carros abandonados que interceptam o cruzamento do fluxo da água direto para o devido lugar.

Não centralizo a culpa somente em nós, para deixar claro, mas a grande parte dela é nossa, reitero. Há anos o rio transborda, há anos as pessoas precisam sair de suas casas, há anos as pessoas perdem seus bens, saem com a roupa do corpo segurando bebês no colo, como vi, recentemente, em uma reportagem. Há anos pobre fica cada vez mais pobre a cada tempestade. 

E lógico que o comércio não perde tempo. A desgraça gera lucros para a elite. Quem não molha os pés, não sabe a lástima que é ver sua casa descer onda abaixo, mergulhada numa água com cor de barro, um tom ocre que traz horror e tristeza. 

Ainda bem que temos almas caridosas, um pessoal que não mede esforços para ajudar. Doações, voluntariedade e empatia. Eu faço minha parte, mas prefiro não tirar foto. Como disse: sigo os ensinamentos de Cristo e ele falou: “a mão direita não precisa saber o que faz a esquerda”.

Portanto, se você tem um banheiro que não está alagado e pode tomar um bom banho de balde nele, agradeça. Tem gente que nem isso pode, e, ainda assim, está grato pela vida. Hoje mesmo uma mulher disse: “perdi bens materiais, mas meus filhos estão aqui comigo e tenho saúde o suficiente para recomeçar”. 

A vida é feita de recomeços. E não existe recomeçar do zero, a cada desastre, uma experiência, mesmo que muito dolorosa. 

Sou um crítico do Prefeito e ele sabe que esse é meu papel, também. Mas existem atitudes que precisam ser reconhecidas. E não digam que ele não está fazendo mais que sua obrigação, em muitas cidades existem gestores que se isolaram, acreditem. Eles apenas mandaram os munícipes para abrigos como ginásios, escolas e até clubes de festa. Quem está cuidando das famílias são grupos e ONGs. 

Então, toma tua ducha de baldo, sossegado, agradece e ajuda. 

Eu jã tomei a minha hoje e você?

Obrigado pela leitura.