O Brasil é gaúcho! Sérgio da Silva Almeida

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Além da cena da Ponte do Fandango, de Cachoeira do Sul, submersa que se negou a ser arrastada pela correnteza, e a do cavalo Caramelo que permaneceu quatro dias em cima de um telhado, há outra imagem que viralizou nas redes sociais e que também serve de símbolo de resistência do povo gaúcho frente à tragédia climática: a bandeira do Rio Grande do Sul, suja de lama hasteada em meio a enchente.

Em minhas andanças pelo Brasil, ouço que o gaúcho é forte, aguerrido e bravo e, como alguém escreveu: “não se curva e não se agacha”. Entretanto, mesmo que nossa garra seja como um fogo de chão que não se apaga, estamos enfrentando uma “peleia” que desafia até os mais valentes. A boa notícia é que não estamos sozinhos, pois, de um jeito ou de outro, todos querem ajudar o Rio Grande.

O Sindicato dos Leiloeiros Rurais do Rio Grande do Sul (Sindilei-RS) “colocou a solidariedade em pista”, e no leilão “Martelo solidário” arrecadou R$ 1,2 milhão com itens doados, entre eles a boina do ex-BBB Matheus “Alegrete” e um quadro do cavalo Caramelo, que foi leiloado por R$ 130 mil.

Os Clubes de Rotary do Brasil estão apoiando através de campanhas e doações em produtos e dinheiro e já destinaram mais de R$ 1,5 milhão e doaram cerca de 1.000 colchões às vítimas da enchente. Os empresários de Chapecó, cidade onde morei durante quatro anos e que já enviou 51 caminhões e carretas de donativos (São Sepé comemorou a chegada do caminhão), além do envio de voluntários e máquinas para a reconstrução de Arroio do Meio, “adotarão” 150 famílias. “As famílias receberão apoio de acordo com suas necessidades”, explicou o prefeito João Rodrigues.

A onda de solidariedade mobiliza o Brasil inteiro. E eu, por ter tido uma breve passagem pelo Atlético-MG, em 1987, me emocionei ao ver a torcida do Galo lotar o treino aberto do time, o que fez com que o clube mineiro arrecadasse R$ 666.090,00 em prol das vítimas dos temporais. E não segurei as lágrimas quando o Galo Doido, mascote do clube, entrou no gramado carregando a bandeira verde, vermelha e amarela – a mesma suja de lama hasteada em meio à enchente –, e mostrando que, nesse momento de dor, o Brasil é gaúcho