Quando menos se espera- Sérgio da Silva Almeida- Crônica

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Encontrar palavras para consolar alguém que está sentindo-se frustrado é um desafio para qualquer um. Contudo, há um conselho que trago comigo: “Quando o que se deseja não acontece na hora e do jeito que se quer, é porque algo acontecerá no futuro melhor do que se espera”.

O mundo acaba de conhecer o atleta espanhol Lamine Yamal, que fez 17 anos na véspera da conquista da Eurocopa. Tornar-se jogador de futebol é o sonho de todo guri bom de bola, mas ser convocado para a seleção de seu país extrapola qualquer expectativa.

Como eu passei bem longe de uma convocação, dei pulos de alegria ao ser convidado pelo treinador e membro da Associação de Ex-atletas do Sul, Mauro Vernei Carvalho da Costa, o Maurinho, para integrar a delegação do Clube Atlético São Borja que irá representar o Brasil na 10ª Edição da Copa do Mundo de Amadores, categoria 55 anos, em novembro, no Rio de Janeiro. Preciso escrever que levei o convite como convocação?

Durante a resenha antes de um amistoso, Elton Greenfield Júnior, de Novo Hamburgo, me contou que no ano passado sua netinha Eduarda lhe pediu: “Vovô, traz a medalha pra mim”.

E assim, Eltinho, como é chamado, pegou o voo com a promessa de trazer na bagagem uma medalha para a neta. “Na semifinal contra a equipe uruguaia, do meio do campo, fiz o gol que o Pelé não fez, e mostrei para a câmera a foto da Dudinha que carregava dentro da meia (foto)”, relatou. Porém, o craque não escondeu a frustração quando o São Borja sofreu o empate e, na decisão por pênaltis, foi eliminado.

No dia da final, meio borocoxô, decidiu assistir ao clássico entre os “hermanos” uruguaios e argentinos. E para sua surpresa, ao fim da cerimônia de premiação, o comitê organizador do Mundial resolveu, de forma inédita, premiar o gol mais bonito da competição. E não é que o gol que Eltinho fez (e que Pelé não fez) foi o escolhido? “Quando colocaram a medalha no meu pescoço, só o que me veio à cabeça é que eu iria cumprir a promessa que fiz à Dudinha”, me contou, emocionado.

E eu comemorei: “O meu sonho de guri de representar meu país não aconteceu na hora e do jeito que eu queria, mas aos 58 anos de idade, quando eu menos esperava…”.