Memórias sob os escombros: Sérgio da Silva Almeida- Crônica

0
252

No próximo dia 29, celebro 37 anos desde que conheci Marta, a garota que, cinco anos depois, se tornaria minha esposa. Entre aquele primeiro encontro, em 1988, e a noite mágica do nosso casamento, em 1993, o clube social que frequentávamos em Cachoeira do Sul desempenhou um papel fundamental em nossa história.

 

Lembro-me da primeira vez que a levei para uma reunião dançante. Minha sogra, dona Geni, insistiu em nos acompanhar. Enquanto dançávamos ao som romântico da Banda Barbarella, ela permanecia sentada em uma mesa próxima à pista, com o olhar atento e a postura firme, como uma verdadeira guardiã, zelando por sua filha e nos observando cuidadosamente.

 

Também me recordo vividamente do dia em que recebi minha carteirinha de sócio, um símbolo de conquista possibilitado pelo lucro obtido com a colheita de 20 hectares de soja nas terras do meu avô, Enildo Correa da Silva, no Cambará, interior de Caçapava do Sul. Aquela safra, marcada por intempéries, permitiu apenas duas aquisições: o título de sócio e um par de óculos Ray-Ban. E só.

 

Como muitos que viveram momentos inesquecíveis no clube, fui tomado por uma mistura de tristeza e saudosismo ao ver a imagem da demolição do prédio. Claro que ela não é a única memória a desaparecer. O mundo mudou, e os clubes sociais, outrora o coração das interações comunitárias, enfrentam os desafios impostos pela modernidade. Hoje, novas formas de lazer, especialmente no ambiente digital, têm afastado os jovens desses espaços vibrantes. Poucos clubes conseguiram se adaptar e se reinventar, mantendo sua relevância em um cenário de constantes transformações.

 

O prédio do clube social da minha juventude, que já foi o palco de tantos encontros, agora se resume a um amontoado de escombros, onde repousam inúmeras memórias.

 

Consegue imaginar quantos casamentos, como o meu, começaram ali? Quantas vidas se entrelaçaram naquele espaço, onde o amor e a amizade se tornaram eternos?