Sexo e Sexualidade, o Mistério da Plenitude do Ser
Mais do que um dado biológico, a sexualidade é a expressão da alma em sua busca por plenitude. Neste artigo, Mauro Falcão propõe uma reflexão profunda sobre a interseção entre ciência, espiritualidade e identidade, questionando rótulos e destacando a liberdade como essência da existência.
Crônica:
O ser humano não é apenas uma engrenagem da natureza, mas uma centelha do divino que experimenta a vida em sua plenitude. _*O sexo, como dado biológico, inscreve-se no corpo, mas a sexualidade pertence à alma.*_ Reduzi-la à mera função reprodutiva seria empobrecer o que há de mais sublime em nós: a capacidade de amar, sentir e nos encontrar na imensidão do outro. Cada ser nasce em um universo próprio, forjado por emoções, pensamentos e experiências únicas. Somente ele, em sua jornada interior, pode discernir o que o conduz à plenitude.
A ciência, em sua busca pela verdade, revela que o sexo não se limita à dicotomia dos cromossomos XX e XY. A natureza, em sua sabedoria infinita, manifesta variações que transcendem fronteiras fixas. A presença de diferentes composições hormonais, como testosterona e estrogênio, molda corpos e sensibilidades de maneiras diversas, inscrevendo na matéria a diversidade do espírito. Se a criação divina não impôs rigidez onde há fluidez, por que a mente humana insistiria em prender o infinito em rótulos estreitos?
A sexualidade, portanto, transcende definições rígidas e unilaterais, pois se estabelece no diálogo entre corpo e espírito. A metafísica ilumina essa conexão ao destacar a glândula pineal — ou _*”terceiro olho”*_, como defendia Descartes — como a porta de entrada para a manifestação espiritual. _*Essa interação influencia o sistema endócrino e a produção hormonal, moldando as características sexuais*_ e demonstrando que nossa identidade vai além da biologia, sendo também um reflexo de nossa essência imaterial.
Diante desse mistério, apenas um princípio nos guia com segurança: _*“Ame ao próximo como a ti mesmo”*_. Não é no julgamento, mas no acolhimento que refletimos a luz divina. Cristo não pregou um amor condicional, nem restringiu a dignidade humana a categorias limitadas. Ele abriu os braços a todos, reconhecendo em cada ser um sopro da criação.
Se há um caminho para a sabedoria, ele não passa pela imposição de dogmas, mas pelo reconhecimento da liberdade de cada alma. Pois o verdadeiro respeito não está em ditar ao outro quem ele deve ser, mas em permitir que floresça em sua verdade. Ao final, não seremos medidos pela rigidez de nossas normas, mas pela amplitude de nosso amor. Enfim, a existência não se escreve em preto e branco, mas em matizes infinitos, tecidos pela própria mão de Deus.
Mauro Falcão – Escritor brasileiro.