Só Fred… opa, só quem é pai explica! Sérgio da Silva Almeida- Crônica

Quando soube um pouco do muito que meu pai, José Benemídio Almeida, hoje com 87 anos, fez por mim — as noites em claro, os “nãos” que deu a si mesmo para me oferecer “sins”, os medos que engoliu calado, os sonhos adiados, os esforços que jamais mencionou — passei a olhá-lo com mais gratidão e menos pressa. Tornei-me mais paciente com seus silêncios, mais generoso com seus abraços. Porque muito do que sou hoje carrega a marca invisível dos sacrifícios que ele fez ontem.
Nesta semana que antecede o Dia dos Pais, uma história emocionante viralizou nas redes sociais. Nos corredores silenciosos de uma das universidades mais prestigiadas dos Estados Unidos, um pai viveu anos de jornadas discretas e madrugadas solitárias.
Fred, funcionário da limpeza no Boston College, passou 18 anos esfregando os pisos da instituição enquanto seus filhos dormiam. O que o motivava? Um benefício concedido aos funcionários: os filhos podem estudar gratuitamente — desde que sejam aprovados no rigoroso processo seletivo.
Em 1998, a primeira conquista veio: sua filha Amy foi aceita. “Ela chorou, eu chorei… nos abraçamos. Esse momento está eternizado no meu coração”, relembra Fred, com os olhos marejados.
Depois dela, vieram os demais: um, depois outro… até que os cinco filhos de Fred foram admitidos e se formaram. “O tempo passou rápido demais”, ele diz. Entre baldes, vassouras e conversas nos corredores, Fred não apenas limpou o chão — ele pavimentou a estrada que levaria seus filhos ao futuro.
“Você vive pelos seus filhos, para que eles tenham uma vida melhor do que a sua”, resume ele, hoje com 62 anos.
Meu pai tem um pouco de Fred. O seu também, não é? E nós, que somos pais, carregamos essa mesma força silenciosa. Mas há uma máxima que diz: “Só entendemos nossos pais quando nos tornamos pais.”
É por isso que não devemos nos chatear se nossos filhos ainda não perceberam tudo o que fizemos — e ainda fazemos — por eles.
O que importa é o que sentimos: no silêncio das renúncias, nas noites sem sono, no amor que não pede nada em troca — ao vê-los vencer na vida. Porque, plagiando uma frase famosa: só Fred… opa, só quem é pai explica!