A vida é como o vinil- Sérgio da Silva Almeida
Dia 20 de abril é o Dia do Disco de Vinil. Também chamado de LP (abreviação de long play), o famoso bolachão surgiu em 1948 e foi lançado no Brasil em 1951.
Antes dele usava-se o disco de 78 RPM, que apesar de ter o mesmo formato, suportava apenas pouquíssimos minutos de gravação. O LP, que por muitos anos teve como companheiro a fita cassete (se você nasceu antes da década de 1990 deve lembrar do tocador de fitas cassete Walkman, que permitia ouvir músicas por meio de fones de ouvido), começou a perder espaço na década de 1980 devido ao surgimento do compact disc, o CD, tornando-se um item de colecionador a partir de 1996.
Quando eu morava com meus pais no interior de Cacapava do Sul, os primeiros vinis que fizeram parte de minha coleção foram Sidnei Lima, “Estou entrando devagarinho”, e Manoelito, “Mariposa apaixonada”. Depois ela foi enriquecida com discos de festivais regionalistas: Califórnia da Canção Nativa, de Uruguaiana, Tertúlia Musical Nativista, de Santa Maria, e Vigília do Canto Gaúcho, de Cachoeira do Sul.
Depois que me mudei para Cachoeira, na faculdade conheci José Fumio Kanno, que hoje reside no Japão, e fiquei abismado ao ver sua enorme coleção de vinil (pensa em uma coleção grande!). Entrei na onda. Durante meu tempo de Bamerindus, todo mês eu separava uma fatia do salário de bancário para comprar vinis.
Bastava o Fábio Júnior lançar um novo álbum, que eu corria até a loja Imcosul para adquirir dois LPs: um para ouvir e o outro para guardar. “Vai que risca ou arranha, né!?”. Não ria, mas eu devo ter perdido a cena da comédia “De volta para o futuro” (assisti a todos) onde o cientista excêntrico Dr. Brown diz ao estudante Marty McFly: “Marty, eu vim do futuro para avisar que em 2008 foi desenvolvido um serviço de streaming de música chamado Spotify, que dá acesso a milhões de músicas”.
A boa notícia é que o vinil está de volta e, segundo a Amazon, já vende proporcionalmente mais do que o CD. Aqui em casa temos um toca-discos e ele não é só uma peça decorativa. Seguidamente ouvimos Tracy Chapman, Bruce Springsteen, Nikka Costa e outros. E as vezes me pergunto sobre essa paixão por vinil. Será que é por ele ser parecido com a vida: cheia de riscos e arranhões?