Para Quando Tiveres Dias Ruins: Maurício Rosa

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Sabes o que é “taco de subo”? É o formato que ganha nosso coração quando estamos amuados devido a um acontecimento de dor lancinante como, por exemplo, um processo de luto.

Esse formato ocorre devido ao excesso de adrenalina que o cérebro libera para ao nosso órgão vital. Tal hormônio faz uma das principais conexões entre coração-cérebro e, durante esse processo, há um acúmulo de células no nosso coração que evitam que as emoções voltem ao normal. Alguns corações retornam, outros não mais.

E o que se faz? Prosseguir. Como rodas que guiam um carro que não sabe para onde está indo. Um veículo que, de repente, ficou enorme por causa da ausência das caronas. Quando falo em “caronas”, não me refiro a necessariamente pessoas, mas em planos, sonhos, metas e promessas que fizemos ao longo da estrada, no caminho de ida, sem saber que o retorno será decepcionante.

 

Em seu livro: “Pó de Lua Nas Noites em Claro”, Clarice Freire escreve: “Alguém, sabe dizer o que os sonhos gostam de comer? Resposta: Eles gostam de PASSADOS BEM PASSADOS, DE PRESENTES (ao ponto de partida) e uma pitada de FUTURO para dar sabor às despedidas”.

Encarar a dor é essencial. O tempo para essa adaptação irá variar e está tudo bem. Tem gente que supera tudo em um dia, outros levam muito mais tempo. O que não se pode fazer, jamais, é achar que todo mundo tem que ficar bem só porque tu conseguiste isso de forma mais rápida.

Compartilha teu momento de reconstrução, apenas, com quem tu, realmente, confia. E caso não te sintas bem em falar sobre o assunto, não fala. Pensa, lê, escreve, chora, grita, ora. Busca, sem cansar, pelo alívio que tu tanto desejas.

 Quando tu decides que vais encarar tua dor, pois chegou à conclusão que somente virá do teu interior a solução, o primeiro passo foi dado.

Não te importes com as mensagens que não recebeste, com as ligações e as visitas que também não ocorreram. A reconstrução és tua. Teus verdadeiros amigos dirão coisas incríveis querendo que tu fiques bem, mas haverá um momento em que já não poderão fazer mais nada. Digo isso por própria experiência, após uma decisão equivocada. Quando resolvi encarar os fatos, precisei ficar só. E foi a melhor decisão da minha vida.

Neste tempo de busca, tenho lido muito sobre espiritualidade e nestes textos, descobri que não preciso ficar pregando ao mundo a minha evolução, querendo mostrar que a minha dor és mais veemente. Os processos são particulares.

Nesta imersão de cura e busca pela paz, nasceu essa crônica. Sem dúvida, uma das criações mais difíceis, devido ao fato de identificação. Eu compartilho contigo, caro leitor, mas este texto é para mim.

Portanto, não sintas vergonha de pôr, novamente, à estrada, as rodas que te levaram. Acalma teu coração, assim poderá observar que havia outro caminho. Muito mais rápido, florido e que guiou teus passos para, exatamente, onde eles deveriam estar. Se até teu coração precisa de um tempo para retomar a normalidade, não te cobres tanto. Há um equilíbrio entre ele e teu cérebro que levará tempo. E está tudo bem, só não perca jamais a vontade de alinhar a vida, sempre haverá colheita.  

Crônica dedicada a todos que sofrem com algumas das mazelas da sociedade, entre elas: bipolaridade, depressão, ansiedade, tendência suicida, alcoolismo, dependência química, entre outros.

Haverá sempre um novo jeito de recomeçar. Não percas a tua fé. 

Compartilhe a publicação com alguém que tu achas que deve ler, isso já é um grande ato de empatia.

“A VIDA RODA E TODA FOLHA É RECOMEÇO DEPOIS DE UMA PODA, O QUE PASSOU, PAZ SOU”.

Obrigado pela leitura.