O Povoado da Caixa d’água, não! Restinga Seca
Em 1877, foi iniciada a construção da linha férrea de Taquari a Cacequi, na atualidade, denominada Porto Alegre a Uruguaiana. Em 1883, o trajeto ferroviário chegava até a Estação de Cachoeira e o próximo passo era a ligação a Santa Maria.
Em 1885, foram inauguradas a ponte férrea sobre o Rio Jacuí, quase ao lado da antiga Ponte do Império, que, naquele tempo, ainda se achava em funcionamento, sobretudo, para a passagem de tropas de gado; bem como as estações de Jacuí e Estiva e, mais adiante, às margens de um córrego (ou sanga, como se diz no Rio Grande), uma caixa d’água para abastecimento dos trens.
Muitos viajantes, quando os trens de passageiros paravam para abastecer-se no local, desciam ali, mas não poderia haver desembarque de mercadorias que ocorria em Jacuí, Estiva e, mais tarde, em Arroio do Só. O lugarejo passou-se a denominar “Caixa d’água”. Era quase final do século XIX (19). A sanga que nasce na localidade que, atualmente, chamamos Pedregulho fizera vicejar um lugar, justificara o abastecimento dos trens e faria com que os homens construíssem uma estação ferroviária. Nasceria, segundo dizem, o povoado de Restinga Seca.
O nome Restinga Seca, contudo, é bem mais antigo e o atestam documentos. Em 1787, os homens que compunham as comissões demarcatórias de terras registraram: “A coxilhas he toda coroada, e seguida de arvoredo, e della baixão restingas complicadas de mato para o Rio Bacacay (…) quaze huma Legoa antes deste Acampamento, ha huma pequena Picada sobre o mesmo Albardão, pela qual passa a estrada, e lhe chamão Restinga Secca” (s/d)
Mas não é tudo: Domingos Gonçalves Mostardeiro publicou no jornal “O Mirim” que, documento datado de 13 de dezembro de 1817, haveria o registro da marcação de um “pião” no Alto da Restinga Secca, o que ocorreu na Fazenda Nossa Senhora da Glória, de José Joaquim Alves, e acrescenta que, em 18 de dezembro do mesmo ano, o escrivão Davi Marcelino da Silva referencia a mesma fazenda de José Joaquim Alves.
Outro dado importante sobre o nome Restinga Seca acha-se no livro “Viagem ao Rio Grande do Sul” do viajante francês Auguste Saint Hilaire que percorreu a então província do Rio Grande do Sul entre 1820 e 1821. No capítulo 20, ele refere a sua passagem pela “Estância da Restinga Seca”, ainda que não teça maiores informações, deixa claro que a referida propriedade já existia, o que é corroborado pela professora e pesquisadora Lacy Cabral Oliveira, que, em seu livro “Evolução histórica, política e administrativa do Município de Restinga Sêca”, deixa consignado que, em 1938, quando elevada à categoria de vila, o atual território do município ocuparia 46,68661 ha que pertencia à antiga Fazenda Restinga Seca.
Eu já estava quase começando a contar a história da promessa do carpinteiro Francisco Antônio de Vargas, oriundo de Rio Pardo, e que deu origem ao lugar conhecido como “Capela”, ia emendar sobre o transporte da cruz de madeira que partiu de Formigueiro e foi fincada em chão sepeense. É…foi então que lembrei: esta história pertence à origem de São Sepé e fica para outro texto.
Elaine dos Santos/ Professora.