A cabeça é o terceiro pé: Sérgio da Silva Almeida 

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O esporte é um elemento fundamental para a socialização. E as escolinhas de futebol surgiram devido ao crescimento das cidades que fez com que desaparecessem os campinhos de terra onde antigamente a gurizada se reunia para jogar bola.

Outro dia, assisti ao treino da C18, em Cachoeira do Sul (na foto o momento de oração), e o que vi me deixou esperançoso em relação à formação de futuros atletas profissionais e de cidadãos responsáveis.

A C18 foi idealizada pelo ex-atleta Cleverson Rosário, e atualmente trabalha com 70 meninos, entre 9 e 17 anos, e uma menina, a Maria Luísa, de 14 anos.

E a metade deles, por serem de família carente, participam do projeto através de apoio de empresas e pessoas físicas.

Além disso, para custear as competições estaduais, Cleverson organiza rifas e pede dinheiro nos semáforos. Eu fiquei tão encantado com o projeto que, além de oferecer palestra voluntária aos jovens atletas, aderi ao programa Adote um Craque, e “adotei” o goleiro Breno, de 15 anos.

Ao vê-lo usando chuteiras esgualepadas, lembrei de quando comecei a carreira no juvenil do Cachoeira FC, em 1981, e que muitas vezes tive que treinar usando meias furadas e rasgadas, e o presenteei com um par de chuteiras Adidas. Breno chegou à C18 com problemas de gagueira e pesando 98 quilos: “Na C18 trabalhamos a autoestima dos jovens, e hoje, o Breno, além de pesar 76 kg, melhorou bastante a comunicação”, me contou a coordenadora Samantha Lemke.

A C18 recebe jovens de vários municípios. E ao conversar com pais, eles me disseram a mesma coisa: “Se meu filho não for encaminhado a um clube profissional, o desenvolvimento de suas atitudes trará benefícios para o seu futuro como cidadão”.

Eu deixei o treino entusiasmado por ver que, além de desenvolver nos jovens atletas os fundamentos do futebol, a C18 ensina sobre valores e virtudes.

Em outras palavras, se a gurizada não vencer no mundo da bola, aprenderá que “a cabeça é o terceiro pé”.