A Dança das Cadeiras ” Ginana ” Eleitoral Sepeense- Maurício Rosa- Crônica

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O candidato Hernesto que antes se chamava Honesto, na última eleição subiu no capô de um uno e gritou:
– Não podemos retroceder, estamos há mais de vinte anos administrando essa cidade com responsabilidade, atendendo demandas e cuidando de vocês, nosso querido povo.
Um repórter do jornal local pergunta:
– Mas é muito tempo, não acha que novas mentes seriam benéficas para uma melhoria?
– Não, precisamos manter o bom desempenho. Colocar um nababo que se disfarça de pobre, para governar, é um retrocesso.
O candidato a vereador, Pedro, não comungava da mesma opinião de Hernesto e defendia uma nova política, investindo nos jovens como o “futuro” da sociedade.
– Acredito que os jovens têm um poder imenso de mudança, caso eu seja eleito, todos terão voz e jamais esquecerão de seu espaço. Eu serei a voz deles no legislativo e pensarei sempre nas suas necessidades em prol de um desenvolvimento promissor e que beneficie todas as classes, ou seja, jovens, negros, brancos, ricos, pobres.
– O candidato Joaquim, filho de “político” não discursava, apenas usava o sobrenome e vai precisar ir ao dicionário para pesquisar o adjetivo que darei a ele: aleive.
O candidato a prefeito, José Diniz, em um discurso, disse:
– Precisamos mudar, imediatamente. Nosso povo está jogado às traças, sem saúde, educação de qualidade, sem projetos sociais e pior: sem atenção do poder executivo. Eu ouvirei o povo. Nosso partido é forte como uma rocha, jamais será atingido por golpes, jamais perderá sua ligação, somos uma ligação atômica potente, trabalharemos, sem cessar, para que todo nosso projeto de campanha seja cumprido. Dou minha palavra. Nunca iremos nos desunir.
O candidato José Diniz ganha a eleição. A mudança começa. Novos nomes, novos cargos, favores cobrados, favores pagos, obras realizadas, nem todas as que foram prometidas, promessas cumpridas, também nem todas, mas boa parte ainda nadando na saliva do agora chefe.
Tempos depois, gente que criticava estava apoiando, apoiadores, após observarem o erro, saindo e levando junto sua dignidade.
E o pior, mais o pior de tudo, a parte mais triste disso, o candidato do início dessa crônica troca de camiseta e decide apoiar José Diniz nas eleições seguintes, ignorando todas as palavras que havia dito contra ele há algumas rotações. Ele alega possuir exames médicos que o diagnosticam com uma perda específica de memória. Depois de xingar, ofender e até difamar, hoje Hernesto é o assador oficial do partido e ajuda a redigir os discursos de José Diniz, até sua esposa ganhou um “carguinho”, ela escolhe feijão nas jantas e, na prefeitura, faz o melhor café do mundo ganhando dois mil reais de salário.
E três anos e meio depois, o candidato eleito, Joaquim, teve como único projeto de mandato, aprovado por um médico, uma bariátrica bem-sucedida, mas pior que a bariátrica, foi a nova camiseta que ele vestiu, a mesma de José Diniz, candidato que ele também não mediu debiques anos atrás.
Quem vende sua dignidade, vende qualquer coisa. Isso vale para troca de opinião, com relação a uma pessoa visando interesse próprio. Eu não sei quem é pior, os faladores ou a pessoa assunto da conversa.
Isso é política. E não vai mudar.
Tem sangue no seu título, tem pessoas que a família nunca mais viu após travarem uma luta durante o regime de 64, mas quem se importa?
A dança das cadeiras, na verdade, ocorre dentro de um carrossel operado por apenas um maquinista, quem não entra, não brinca. Simples assim.
Eu não sou um artista suscetível a capitulações, preciso e sempre vou falar. Porém, esse ano, por enquanto, me resumo a isso.
Boa sorte, candidatos. Afirmem-se em seus brinquedos peguem seus doce$, em breve o carrossel começará a girar.
Não generalize esse texto, caro leitor. Tem gente muito boa envolvida na política. São poucas, mas têm. Por isso, preste atenção.
Por Maurício Rosa.