A dor do outro dói na gente- Sérgio da Silva Almeida  

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Diante do cenário catastrófico causado por um dos maiores desastres naturais do Rio Grande Do Sul, alguns amigos do Vale do Taquari – assim como muitos gaúchos – não pensaram duas vezes na hora de colocar a solidariedade a serviço da vida. Na cidade de Colinas, José Bergonci, que não teve sua casa atingida pela enchente, tem se dedicado a ajudar os desabrigados.

“Tem vizinho que teve a casa arrastada pela força das águas, restando só o alicerce”, relatou com tristeza.

Em Arroio do Meio, o casal Paulo e Ane Fuchs se colocou no lugar dos vizinhos: “Nossa casa não foi atingida, e estamos ajudando os vizinhos que foram afetados”. Em Lajeado, o casal Carlos e Ivanize Fachini se uniu aos voluntários num ginásio da cidade para auxiliar na separação de água, alimentos, roupas, calçados e produtos de limpeza e de higiene pessoal.

“O cenário é de sofrimento, doloroso para o coração da gente, mas estamos fazendo o que está ao nosso alcance para ajudar”, contou, aflita, Ivanize. O casal Silvano Ogliari e Cláudia Foletto tem ajudado as famílias necessitadas. “A situação está caótica, amigos nos ligando, chorando por terem perdido tudo. Está triste, Sérgio, nunca pensei ver isto na minha vida”, relatou Cláudia, emocionada. E Neiva Miorando deixou seu trabalho de lado e se juntou aos que estão ajudando na lavagem de roupas e limpeza de casas inundadas. “Tudo muito triste”, escreveu demonstrando empatia.

Em Muçum, cidade que foi totalmente destruída, a amiga Zaqueline Pertille, “comemorou” o aniversário do marido Valdemir limpando a casa tomada pelas águas e pela lama. “Deus nos deixou a vida. Eu, meu marido e meus filhos estamos bem. Cansados e tristes, mas fortalecidos por Ele. A gente vai trabalhar e conquistar tudo novamente”. E agradeceu as mensagens recebidas: “É maravilhoso saber que temos amigos que enchem o nosso coração de esperança”.

Comete grande tolice quem acha que não é afetado, de uma maneira ou de outra, por catástrofes dessa magnitude. Eu, que moro em Caxias, ao assistir ao vídeo de minha irmã Jane, que mora em Lajeado, mas trabalha em Estrela, retornando para casa de barco, em meio ao barulho de helicópteros e sirenes, fiquei com o coração na mão.

E algo me veio em cheio naquela hora: Independentemente de se ter laços de sangue, quando a dor do outro não nos afeta, quem precisa de ajuda somos nós.