A SENSIBLIDIDADE DE SENTIR- Joice Figueiredo- Crônica.

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Ao sentirmos cada momento com sensibilidade acabamos assumindo o peso de levar a vida mais a sério, com mais certeza, com mais força, indo mais a fundo no mar das emoções que são nossas por natureza. Um lançar de olhares críticos se torna motivo de gerar algumas inseguranças. Um ato de injustiça contra si acaba trazendo um sentimento constante de inoperância. Um pequeno erro causado sem querer tornar-se razão para pensar que é sem valor. Quando não se encaixa em determinado círculo social se sente inadequado ao mundo.

 

Essas são algumas das sensações desagradáveis que uma pessoa sensível sente em alguns momentos da vida, mas há a presença de uma beleza indiscutível nisso, pois acabamos nos tornando ainda mais conscientes de nossas escolhas, porque o que importa realmente é o que estamos sentindo dentro de nós.

 

Sentir tudo sensivelmente é ter a certeza de que o nosso lado mais escuro e o nosso lado mais brilhante irão manifestar-se na mesma intensidade. Sentir com intensidade dói. Ter sensibilidade nos causa uma agudeza difícil de explicar, mas fácil de sentir a flor da pele. Ser sensível é possuir o olhar mais rápido as coisas ruins do mundo.

 

Ser sensível nos traz aquele sentimento de inadequação a ambientes com uma sociedade em que não nos identificamos. As vezes nos sentimos fracos em meio a tantas diferenças, nos fazendo esconder o que temos de mais lindo, a nossa essência. Ser sensível exige força, para enfrentar a maldade do mundo e para se reerguer a cada momento difícil.

 

Pessoas sensíveis também amiseram, não porque tem vontade, mas por termos o coração bom demais, por não consumarmos o que não gostaríamos que consumasse conosco. Por colocarmos expectativas onde não deveríamos tentando agradar ou se adaptar aos que os outros querem, por absorvermos dores que não são nossas, por vivenciarmos atos de injustiça com alguém e não conseguirmos ajudar de alguma forma. Quem sensível é, com um olhar sobre acontecimentos do cotidiano ressignifica muita coisa que antes tinha instaurado muitos porquês em seu interior.

 

Embora todo isso seja desafiador por alguns momentos da vida, a sensibilidade também é o que a sua essência tem de mais lindo. Permite que tenhamos empatia uns com os outros independente com quem for, nos torna ainda mais humanos, nos oferece a sabedoria de ouvir e compreender quem estiver precisando.

Nos acata enxergar os detalhes da vida que passam despercebidos, desde uma flor no jardim de casa até a chuva que cai sobre a terra. Nos permite estarmos sempre bem acompanhados de uma boa e clara intuição removendo toda máscara antes mesmo de apresentar-se do que realmente é.

A sensibilidade de sentir é como um mar profundo e com ondas impetuosas, em que a profundidade do mar simboliza as camadas das emoções e dos pensamentos que não se revelam, com alguns segredos submersos no fundo do mar e as ondas impetuosas significam as emoções que chegam sem nem um aviso com muita força, muitas vezes até sem chances de controlar em que podem trazer beleza e em outros momentos tempestade.