Aluno ou estudante? Sérgio da Silva Almeida

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Transcorria o ano de 1977 quando eu, um guri acanhado, troquei o “tapa-pó” branco de uma escola multisseriada do interior do município de Caçapava do Sul pelo uniforme azul e branco do Colégio Barão do Rio Branco, em Cachoeira do Sul, que comemorou 130 anos de fundação na última segunda-feira, dia 3 de julho.

O céu estava azul e sem nuvens e o sol brilhava naquela manhã. Sentindo “borboletas no estômago”, me apresentei no colégio para o tão esperado e temido primeiro dia de aula. Disciplinado, andei na fila indiana do pátio até a sala da turma 42. Entrei afobado, acenei levemente com a cabeça e fui direto sentar no fundão. Inibido, evitei participar oralmente da aula. Levantar a mão para interagir, então, nem a pau! Foi aí que a professora Arlanda Streck, com amor e paciência, “entrou em cena” e tornou o ambiente escolar o mais acolhedor possível. Desde então me senti o mimoso da “tia Arlanda”.

Além das mensagens bíblicas transmitidas através de caixas acústicas e dos valiosos conselhos da diretora Isolde Gressler cada vez que eu era “convidado” a sentar no sofá da sala da direção, vários professores me ajudaram em minha formação e desenvolvimento enquanto indivíduo. Através das animadas aulas de Geografia do Carlos Henrique Lamb, aprendi a levar a vida em uma linha de animação. Vendo a estratégia utilizada por Cabral para cessar o burburinho durante as aulas de Química: ele ficava em silêncio até que todos se calassem, aprendi que o silêncio, às vezes, é uma boa maneira de resolver as coisas.

Adorava também ouvir os relatos de Icléia Aerts, professora de Inglês, sobre a carreira do filho tenista Nelson Aerts, que na época disputava a Copa Davis. A maneira emocionada como ela falava do Neco me fez entender que se um dia tivesse filhos eu passaria para a “arquibancada” para torcer por eles.

Finalizo esse texto com a certeza de que se todos os ensinamentos que recebi de meus professores fossem escritos um por um, nem mesmo as páginas desta edição seriam capazes de contê-los. Como costumo dizer: “Aprendemos quando deixamos de ser aluno e nos transformamos em estudante”.