Caneta vermelha: Sérgio da Silva Almeida. Crônica 

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Dia 25 comemorou-se o Dia do Escritor. Apesar de eu ter escrito cinco livros e esse ser o 976º artigo publicado em jornais, não me considero escritor, mas um “cara que escreve”.

Mas quando tudo começou? Foi na infância, quando eu estudava no ensino fundamental. Se meu professor de português Willy Simonis, do Colégio Barão do Rio Branco, de Cachoeira do Sul, ainda estivesse entre nós, certamente diria: “O Sérginho era um daqueles guris ‘esquisitos’ que davam pulos de alegria quando eu pedia uma redação”.

Pensando bem, o ato de escrever é solitário. Muitas vezes, passo horas a fio sentado, digitando, lendo, relendo e pensando com mais rapidez do que escrevendo. Porém, preciso confessar: é um “sacrifício prazeroso” abrir mão de entretenimentos pessoais para tirar ideias da cachola. Como escreveu Lygia Fagundes Telles: “A profissão de escritor é uma condenação e ao mesmo tempo celebração, mas sem premiações”.

Meu prêmio de consolação é saber que Deus escolheu as palavras para se revelar. Ele é escritor e por três oportunidades, usando os dedos, escreveu aos homens. A primeira, foi no monte Sinai.

“E deu a Moisés as duas tábuas do testemunho, tábuas de pedra, escritas pelo dedo de Deus”. A segunda, no banquete de Belsazar, rei da Babilônia, quando o governante o insultava: “Na mesma hora apareceram uns dedos de mão de homem, e escreviam, defronte do castiçal, na caiadura da parede do palácio real; e o rei via a parte da mão que estava escrevendo”. E a terceira quando os fariseus apresentaram a Jesus uma mulher adúltera ao que, o mestre, inclinando-se, escreveu com o dedo na terra: “Aquele que entre vós está sem pecado seja o primeiro que atire pedra contra ela”.

Tempo atrás, ao saber que a escritora cachoeirense Valquíria Alves Garcia compartilhava seus textos com o professor Willy Simonis e que ele os devolvia corrigidos com caneta vermelha, lembrei-me que ele fazia o mesmo com minhas redações. Por isso, no Dia do Escritor, quero lembrar que todo escritor passou por um professor de português que, com uma caneta vermelha, o ajudou a desenvolver sua escrita.