Caso de mulher morta em suposto ritual religioso: Polícia confirma quatro prisões
A Polícia Civil de Formigueiro, confirmou nesta segunda-feira, 12, que quatro pessoas estão presas pelo assassinato de uma mulher no último fim de semana em Formigueiro, na localidade de Colônia Antão Faria. O caso ganhou enorme repercussão e as investigações avançaram nos últimos dias. As primeiras prisões ocorrem através da Brigada Militar já na madrugada de sábado. O caso posteriormente foi conduzido pela polícia civil de Formigueiro. A vítima é Zilda Correa Bitencourt, 57 anos.
Vamos acompanhar os detalhes já apuradas desse caso. A reportagem completa foi publicada hoje por GZH. Confira:
– A polícia suspeita que Zilda Correa Bitencourt, 57 anos.tenha sido submetida a um ritual religioso dentro de um cemitério. Familiares relataram que a mulher teria sido espancada e amarrada a uma cruz.
As agressões à vítima teriam acontecido em um local que funcionaria como centro religioso no Cemitério da Colônia Antão Faria, na área rural de Formigueiro. Ainda na madrugada de sábado, foram presos os irmãos Nayana Rodrigues Brum, 33 anos, e Larry Chaves Brum, 23, por suspeita de participação no crime.
No domingo (11), mais dois investigados foram detidos, após terem prisão preventiva decretada pela Justiça. Um deles seria o líder do centro, cujo nome não foi divulgado pelas autoridades. O outro — Jubal dos Santos Brum, 67 anos — teria atuado no mesmo centro e é pai dos dois suspeitos já presos. Os nomes de Jubal, Larry e Nayana foram apurados por GZH com as defesas dos três detidos. A reportagem não localizou a defesa do suposto líder. A polícia não informou o que os quatro suspeitos alegaram em depoimento.
Em um primeiro momento, a polícia havia optado por não prender os dois em flagrante, pois precisava apurar a participação deles na morte. No entanto, conforme a Polícia Civil, as diligências realizadas no sábado apontaram que os dois também teriam participado do ritual e das agressões que acabaram levando à morte da vítima. Em razão disso, a polícia entendeu que era necessário pedir a prisão dos dois. As prisões foram decretadas ainda no sábado pela Justiça, e cumpridas na manhã de domingo.
O Ritual:
Segundo a Polícia Civil, Zilda teria sido espancada, com socos, tapas e varas verdes. Depois, foi agredida na cabeça e amarrada em uma cruz no cemitério.
O marido e o filho da vítima relataram à polícia que a mulher acreditava que era atormentada por um espírito e que teria buscado o local para se submeter ao ritual para se libertar disso. A vítima era moradora de Restinga Seca, município a cerca de 30 quilômetros de Formigueiro. A família viajou até a cidade para que Zilda participasse da sessão.
Os quatro presos, segundo a polícia, teriam participado do ritual e das agressões. Na sexta-feira pela manhã, o líder do centro religioso e o outro investigado – pai dos irmãos presos na madrugada de sábado – teriam realizado um primeiro trabalho espiritual para Zilda e orientado à mulher a retornar no fim da tarde. A vítima voltou ao centro religioso para se submeter ao trabalho espiritual.
Durante o suposto ritual, Zilda teria ido duas vezes ao cemitério naquela noite. Na primeira vez, segundo a polícia, ela teria sido agredida inicialmente e depois levada ao cemitério para dar seguimento ao ritual. Na sequência, todos teriam retornado ao centro religioso, onde a mulher teria sido espancada novamente. Mais tarde, regressaram ao cemitério, onde, segundo a polícia, a mulher foi amarrada numa cruz. Ali, ela teria perdido a consciência, e foi levada então para o hospital, onde foi constatado que já estava sem vida.
Na casa de saúde, a equipe médica constatou que a vítima apresentava diversas lesões de violência física. A causa da morte, no entanto, ainda será apontada pelo laudo de necropsia do Instituto-Geral de Perícias (IGP). As agressões foram relatadas também pelos familiares de Zilda, que confirmaram que ela chegou a gritar durante o espancamento.
O marido e o filho da vítima, que acompanharam a sessão, afirmaram que os envolvidos no ato alegaram que as agressões faziam parte do ritual para retirar a entidade maligna do corpo da vítima, e que as marcas desapareceriam assim que fosse finalizado o ato. Eles teriam acreditado, segundo esse relato, que as agressões seriam contra o espírito e não contra a mulher. Neste momento, a polícia trata os dois como testemunhas, no entanto, a conduta deles é apurada pela investigação. Os presos são investigados por homicídio e possível tortura.
O corpo de Zilda foi sepultado no último fim de semana no Cemitério do Bom Retiro, na área rural de Restinga Seca.
Contraponto:
As advogadas Márcia Pereira da Silva, Liégy Pereira da Silva Meneghetti e Ediani da Silva Ritter representam três dos suspeitos presos por participação no ritual. Confira a nota da defesa:
“É com profunda seriedade e comprometimento com a justiça que vimos a público comunicar nossa posição em relação ao recente caso envolvendo nossos clientes. Após diligente análise e escuta atenta dos relatos dos envolvidos, decidimos, de maneira consciente, assumir a defesa de apenas três dos quatro indiciados, Jubal dos Santos Brum, Nayana Rodrigues Brum e Larry Chaves Brum. Nossa escolha recai sobre aqueles em quem depositamos nossa confiança na inocência diante das circunstâncias apresentadas.
Cumpre ressaltar que, dada a fase inicial das investigações, reconhecemos a possibilidade da existência de outros envolvidos a serem indiciados no curso do processo. Reiteramos, de forma inabalável, o compromisso de nossos clientes em colaborar plenamente com as autoridades judiciárias. Estamos unidas em prol da transparência e imparcialidade do processo legal, na busca incansável pela verdade e pela justiça.”
GZH tenta contato com a defesa do quarto investigado.
Fonte: GZH. Por Letícia Mendes.
Fotos: Fernando Ramos.