Caso Gabriel: Justiça Militar julgará na próxima semana os policiais acusados do crime 

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A Justiça Militar realizará na próxima semana o julgamento definitivo dos réus pela morte do jovem Gabriel Marques Cavalheiro, 18 anos, morto durante abordagem policial mal-sucedida em São Gabriel em agosto de 2022. O julgamento acontecerá na sede do Tribunal de Justiça Militar gaúcho, em Porto Alegre, na quarta e quinta, 19 e 20 de julho.

Os réus, sargento Arleu Junior Jacobsen e soldados Raul Veras Pedroso e Cleber de Lima respondem na Justiça Militar pelos crimes de ocultação de cadáver e falsidade ideológica. Na Justiça comum, eles respondem por homicídio triplamente qualificado.

“O crime de homicídio (de competência do Tribunal do Júri) não se confunde, mas se vincula, a este Processo Penal Militar. Por isso, a expectativa é de que se consolidem as teses coerentemente descritas pela acusação e, assim, seja feita a justiça”, afirmou em nota a advogada da família de Gabriel, Rejane Igisk Lopes.

A expectativa é de que os policiais venham a ser excluídos da corporação. No dia 19, os réus serão interrogados e no dia seguinte, a partir das 13h, acontece o julgamento no plenário da 1ª auditoria militar da Justiça Militar do Estado, na sede do TJM em Porto Alegre.

RELEMBRE O CASO

Na noite de 12 de agosto, Gabriel Marques Cavalheiro, 18 anos, tinha se perdido da casa de seu tio no Bairro Independência, onde estava residindo para realizar exames de admissão ao Exército na semana seguinte. Próximo da meia-noite, ele chegou na casa de uma vizinha na rua Sete de Setembro, que acionou a Brigada Militar porque segundo ela, ele queria forçar a entrada no local.

Os policiais militares chegaram ao local, algemaram e teriam agredido Gabriel, que foi imobilizado e levado para dentro de uma viatura da BM. Testemunhas afirmaram que ele foi atingido por “pelo menos dois ou três golpes de cassetete” e foi a última vez que ele foi visto com vida.

O tio dele deu falta no dia seguinte e informou a família, que iniciou as buscas e ao chegar junto à Brigada Militar, a corporação negou inicialmente e depois, corrigiram a informação, onde afirmaram que o jovem foi levado até o Lavapé, a 2 km de onde ele foi abordado, “a pedido dele”.

As buscas foram feitas na região durante cinco dias e concentradas em um açude, até que no final da tarde de 19 de agosto, o corpo foi localizado submerso nas águas. Os três policiais foram imediatamente presos, após comoção popular e continuam detidos no Presídio Militar de Porto Alegre.

Os três policiais prestaram depoimentos em três ocasiões, sendo duas vezes para a BM e uma para a Polícia Civil. Em todas, eles negaram envolvimento no assassinato de Gabriel. Os laudos apontaram que Gabriel morreu vítima de hemorragia interna, causado por ação de “instrumento contundente” e os policiais foram indiciados no inquérito militar por homicídio qualificado, ocultação de cadáver e falsidade ideológica. Em 1º de setembro, a Polícia Civil indiciou os suspeitos por homicídio doloso triplamente qualificado.

Os policiais obtiveram a revogação da prisão preventiva na Justiça Militar, mas seguem presos pois há a prisão preventiva na Justiça comum.

Fonte: Site Caderno7 – Reportagem: Marcelo Ribeiro