Como tu tá gorda, né? . Sim, tudo da minhas panelas- Mauricio Rosa

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  • “COMO TU TÁ GORDA, NÉ?”. “SIM, TUDO DA MINHAS PANELA”

GORDOFOBIA EXISTE E NÃO É PIADA

Com vocês, nosso palestrante: Ed Bacon.

– Olá! Primeiramente, Obrigado a todos pela presença. Somando o peso de vocês, temos aqui algumas toneladas de esperança. E isso é maravilhoso.

Sabemos que a sociedade atual impõe um padrão de beleza, digamos, mais leve. Algo que envolva menos de cem quilos, verduras e água com limão.

Um padrão onde estar acima do peso é algo ruim, sinônimo de preguiça, doenças e exclusão. Há décadas o gordo ganhou uma caricatura cômica aos olhos dos “seres saudáveis”, mas triste na visão de quem não é assim porque quer.

– Eu nasci gordo. Muito gordo. Minha mãe teve que parar de me amamentar porque eu estava causando problemas a sua saúde. Por muito tempo, minha família, formada por pessoas magras, não entendia porque eu tinha nascido tão acima do peso. Todos eram magros e “saudáveis”.

Cresci numa escola cheia de preconceitos. Todos os apelidos possíveis meus colegas usaram para me descrever. E eu? Eu gostava, alguns eram muito criativos. Uma vez um amigo me disse que eu era tão gordo que o espelho só refletia meu umbigo.

Outros que a minha flatulência deveria ser medida em megatons. Eu adorava tudo aquilo. E agora vocês devem estar se perguntando: Mas por que, Ed?

Porque eu era gordo. Aliás, eu sou. Desde cedo eu me aceitei. Meu pai disse que o que importa na vida, é a obra que fica. Não interessa se você tem 200 ou 50 quilos, a alma não tem medida.

Para muitos garotos acima do peso, a adolescência é sofrida, mas a minha jamais foi. Quando chamado de

“Rolha de poço”, eu perguntava:

– Qual a profundidade e a largura do poço? Preciso saber se ficarei bem ajustado e se meus pés ficarão livres para eu exercitar a circulação.

Quando chamado de elefante, eu respondia: “cuidado alguns elefantes não comem carne, portanto, seja mais específico”.

– Quando chamado de Baleia fora d’água, eu dizia: “se eu realmente fosse uma baleia, eu não teria sobrevivido tanto tempo longe do mar”.

E assim eu segui. Sempre buscando justificativa para aqueles atos. E porque eu fazia isso? Por que a maioria daquelas palavras eram ditas da boca pra fora. Eram tentativas frustradas para me ofender, só que não funcionava.

A ofensa só pega se for verdadeira. Eu nunca fui uma baleia, nem uma rolha, muito menos um elefante. Eu sou Ed. Por isso meus caros amigos, o maior padrão de beleza que existe tem como elementos: a honestidade, o bom caráter e o respeito.

E conheço muita gente “fitness” que possuem todas essas qualidades. Não vou generalizar por que generalizar também é ser intolerante.

– A questão é que quem julga uma pessoa pelo corpo, está completamente equivocada e com certeza faz outros tantos inúmeros julgamentos também equivocados. Portanto, comam, comam e comam.

A quantidade necessária, daquilo que vocês desejam no momento. Porque no final, a única diferença é que os vermes levarão mais tempo para comer um gordo do que a um magro, no túmulo.

Os vermes não estarão nem aí se você tomava cerveja ou suco detox. Se comia batata doce ou costeleta de porco. Se bem que batata doce não é ruim, e com costeleta de porco… água na boca, mas finalizando:

“não existe corpo perfeito, perfeito é ser do bem”.

Imagem ilustrativa: @ fonte Gazeta.