E AQUELE LÁ? É OU NÃO É? MAURICIO ROSA

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Há alguns dias assisti, novamente, ao filme: “Filadélfia” estrelado por Tom Hanks e Denzel Washington, lançado em 1993. A narrativa conta a história de Andrew Beckett (Tom Hanks), um advogado brilhante que trabalha numa das firmas de advocacia mais1 respeitadas dos EUA.

Como coadjuvante da história, temos Joe Muller (Denzel Washington), um advogado que trabalha em outra área, mas que volta e meia encontra-se com Andrew em audiências. Joe Muller, é homofóbico ao extremo, daqueles que se precisar agride homossexuais, ele deixa bem claro numa das frases do filme: “eu tenho nojo dessas bichinhas” e olha para sua filha e diz: “fique longe dessa gente”. Por outro lado, Andrew é gay e está infectado pelo vírus HIV.

Após o brilhante Andrew (Tom Hanks) ganhar uma causa milionária para sua empresa, ele é convidado a ser sócio, algo grandioso para sua carreira. Porém, a doença avança rapidamente e ele precisa começar a trabalhar em casa por alguns dias. A firma descobre o estilo de vida pessoal de Andrew e arma uma cilada para ele que culmina na sua demissão. Mas Andrew sabe que, na verdade, a demissão foi por outro motivo. Então, procura muitos advogados que não aceitam defendê-lo, pois na época uma pessoa com AIDS era vista como um monstro. Então, para dar uma bela temperada no roteiro, como gostam de fazer os roteiristas americanos, Andrew pede ajuda ao homofóbico Muller, que de início nega, mas depois recua e aceita o caso, pois percebe que Andrew está disposto a ir ao tribunal, mesmo que seja sozinho para lutar por seus direitos. Bom, não vou contar o filme todo, peço que assistam, é encontrado, facilmente, na internet.

O filme é de trinta anos atrás. O personagem de Denzel Washington usa termos como: “boiola”, “bixa”, “viado”, “coisa”, “doente” e tantos outros termos nojentos. No começo é difícil aceitar o personagem dele. Mas é apenas um personagem. E quanto a realidade? O que mudou?

Há alguns anos uma grande amiga minha foi afastada de algo que ela amava fazer, pois resolveu assumir sua sexualidade. Cerca de vinte por cento dos suicídios no mundo são por causa de pessoas que sofreram preconceitos, procuraram ajuda e não foram ouvidas. Todo dia um homossexual é agredido de forma física ou verbal em restaurantes, supermercados, lojas e até na rua. Tenho um amigo, médico psiquiatra, que foi expulso de casa por assumir sua sexualidade, ele morou com parentes por anos e ainda assim não deixou correr atrás de seu sonho, assim como conheço amigos que foram esmagados pela prostituição e pelas drogas porque a família e a sociedade simplesmente o descartaram como suas seringas.

Tenho vergonha de um dia ter sido um desses idiotas a fazer comentários completamente viperinos e torpes com relação a esse assunto. Hoje me orgulho muito dos amigos que tenho. Amigas casadas e bem-sucedidas, amigos que são até pais e outros que, aos poucos, estão encarando essa sociedade doente que parece uma fita rebobinada, diariamente.

Respeito!

Esse tipo de preconceito é crime. E a gente sabe que, mesmo existindo a lei, muitas pessoas precisam esconder sua identidade para poder até arrumar emprego.

Eu sempre digo: “se uma pessoa, principalmente homem, incomoda-se tanto com homossexuais é porque provavelmente sente-se covarde por não ter a mesma coragem de assumir quem realmente é”.

O amor não tem sexo.

O amor não tem cheiro.

O amor não tem cor.

O amor não tem forma.

O amor ganha essas características durante a relação entre as pessoas, mas no fundo, o amor é apenas amor e ele não faz escolhas, apenas deixa-se ser desfrutado, não importando a maneira, muito menos as pessoas.

Um dos maiores ensinamentos de Cristo é amar sem distinção, inclusive, mesmo que seja difícil, o inimigo.

Porque amor também é verbo e verbo é ação e é agindo que mudamos as coisas.

Ah! Sabem aquela marchinha de carnaval: “olha a cabeleira do Zezé….” Então, não se preocupem, ele não vai cortar o cabelo e me disse que ama ser famoso por causa dos seus lindos cachos.

Obrigado pela leitura! Maurício Rosa.