Entre o “Anjinho” e o “Diabinho” Sérgio da Silva Almeida

Você provavelmente já ouviu falar da expressão “anjinho e diabinho”, que representa aquele instante interno em que somos confrontados por duas vozes opostas: uma voz que nos incentiva a agir corretamente, com honestidade e empatia — o “anjinho” — e outra que tenta nos convencer a fazer o errado, o fácil ou o egoísta — o “diabinho”.
Certa noite, saindo de uma quadra de futebol society, na maior pressa, engatei a ré e… bum! Bati na porta de um carro que estava estacionado do outro lado da rua. Desci, olhei para a porta — ou melhor, o que sobrou dela — e corri os olhos pela rua, procurando alguém que tivesse visto. Nada. Ninguém.
Aí veio aquela vozinha marota (o diabinho): “Vai embora!” Mas, antes que eu me deixasse levar, uma voz suave e firme (o anjinho) me parou e me lembrou as palavras de Jesus: “Portanto, tudo o que vocês querem que os outros lhes façam, façam também vocês a eles.”
Sem pensar duas vezes, voltei para a quadra, encontrei o dono do carro no vestiário tomando banho, passei meu número e pedi que ele me ligasse no dia seguinte. E rapidinho paguei o conserto.
Conto isso porque, recentemente, uma farroupilhense passou por algo parecido, só que bem mais complicado. Depois do culto, num domingo, ela saiu da igreja feliz da vida por estar levando umas irmãs para casa, quando, do nada, um carro com os faróis apagados bateu no dela.
E o que aconteceu? O motorista ouviu o diabinho — e talvez o anjinho também —, e optou por sair rapidinho do local, sem prestar ajuda nem assumir a responsabilidade.
Signe, mãe solo de dois filhos, não tinha como pagar o conserto. Mas, sabe como é, Deus nunca abandona seus filhos. As irmãs da igreja se uniram, fizeram uma rifa por Pix e ela conseguiu ter seu carro de volta.
Essas histórias são um lembrete: a voz da consciência — a voz do bem — sempre fala mais alto quando a gente resolve escutar. E quando essa voz, doce e firme, te perguntar: “Você gostaria que alguém fizesse isso pra você?”, se a resposta for um sonoro não, aí já sabe o que fazer, né?