Inteligências sepeenses e os músicos Baianos- Elpidio Santana
José Elpídio Santana
Transcrevo modesta e orgulhosamente um pouco da história dos MEUS.
INTELIGÊNCIAS SEPEENSES E OS MÚSICOS BAIANOS
DESCENDENTES DE ONOFRE SANTANA
Por José do Patrocínio Motta
Com a Guerra do Paraguai – 1865/1870- a mobilização das tropas trouxe os exércitos até o Porto de Rio Grande, daí, via lacustre e fluvial, através do Rio Jacuí, as forças alcançaram Rio Pardo, e daí, até Pantano Grande.
Desta localidade, as tropas iam em direção a Uruguaiana, seguindo, aproximadamente pelo eixo da atual rodovia BR 290, tão conhecida dos sepeenses.
São Sepé era ponto estratégico, então. Alcançando o Passo Velho no Rio São Sepé os primeiros batalhões chegavam a rua 15 de Novembro e ali foi organizado o primeiro desfile militar que São Sepé conheceu. A frente vinha a banda militar com seus garbosos músicos baianos e seus acordes harmoniosos.
Ninguém pode imaginar o alvoroço do povoado quando aquele desfile alcançou a rua Plácido Chiquiti e fez alto, na Praça, para receber as boas vindas da população amiga, ali na Praça das Mercês.
À noite improvisou-se a primeira retreta que os sepeenses ouviram. Foi um deslumbramento, por certo.
Entre as tropas vinham três músicos baianos que a memória popular gravou para sempre. Onofre Santana e os dois irmãos João e Frederico Borba. Estes deixariam em nossa terra descendentes que por sua vez tornaram-se músicos populares, filhos, como eram, de jovens moças sepeenses das quais aqueles músicos ficaram perdidamente enamorados e vice-versa.
Aqueles musicos partiram para a guerra e, por certo, sentiram a nostalgia deste torrão onde conheceram as três lindas morenas que lhes juraram amor. De volta da guerra, aqueles músicos deram baixa. Nós que escrevemos sobre esses músicos em 1976 pensávamos que Onofre Santana só veio a casar em São Sepé após o fim da guerra. Mas, não, segundo elementos históricos que o maestro Assis Santana nos proporcionou.
Em 07.02.1867, Onofre casou aqui, pela primeira vez, o que nos faz acreditar que obteve licença militar para visitar São Sepé ou, mesmo talvez tenha recebido baixa do exército. Em 1868 nasceu Faustina Santana. Em 1871 nasceu Eduvirge,a qual durante 25 anos trabalhou em nossa casa, a partir de 1926.
Fernando Santana, filho de Onofre, e como seu sucessor como maestro da Banda Municipal Santa Cecilia , era filho de Maria Joaquina e nasceu em 30.05.1875. Com América, avó materna de Assis Santana, o nosso saxofonista de hoje, Onofre foi pai do clarinetista Maximiano Santana,( pais de Nenê Santana), já falecido em 1988. Também era filho de América, a Salustiana Santana, mãe do maestro Assis, nosso barbeiro. Seguidor de Galdino dos Santos, caçapavano que teve barbearia em São Sepé, por cerca de meio século, e funcionário da Prefeitura.
Conhecemos América na década de 1920/30, ali na casa da esquina das ruas Lauro Bulcão e Antão de Faria, onde mora meu prezado amigo Assis Santana meu informante. Também era filha de Onofre a Cantidia que foi casada com Eurico Paraguai. Este casal trabalhou vários nos na fazenda de J. Raimundo, propriedade de meus pais no terceiro distrito.
Por esses fatos é que viemos a conhecer dados sobre e vida de Onofre Santana que foi também amigo de meus pais. Não o conheci, mas conheci Fernando, o grande mestre pistonista da Banda, Maximiano, Eduvirge e Cantidia. Um neto de Cantidia tocou em um conjunto musical de nossa cidade, pois, o ouvi em 1976,na época das comemorações do centenário do município.
Cirilo Santana, filho de Fernando Santana é outro músico sepeense, sendo também barbeiro.
Nossa cidade de São Sepé sempre foi fértil em músicos de valor, como já temos escrito várias vezes.
Rio de Janeiro, 15.02.1990