Isolada em outra cidade, só pensava na minha família- Joice Figueiredo

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Foi uma semana que pareceu um mês, vivendo um caos em minha volta, sem poder ver pessoalmente meus pais e como eles estavam. Posso dizer que foi umma verdadeira prova de resistência aceitar que eu não podia ir para minha casa, onde minha ansiedade oscilava do oito ao oitenta.
O nosso Rio Grande do Sul tem vivido tempos difíceis, sofrendo a maior catástrofe climática após longos anos. Quando somos crianças, nossa mãe costuma nos corrigir quando algo não está certo, assim é a natureza, ela surge para cobrar o seu preço quando não estamos oferecendo o que ela precisa de nós.
As notícias que leio, os vídeos que assisto, as imagens que visualizo, só me trazem angústias por aqueles que perderam tudo depois de levar uma vida inteira para conquistar. A angústia pela água ter levado sua maior proteção, por ter levado o sentimento de inúmeras famílias: seus aconchegos e união, conquista de trabalho duro que, para muitos, deve ter sido tão suado. Mas a minha maior tristeza é de pensar que, junto dessa água, foi deixada uma cicatriz eterna, na alma de cada um.
Um dia desses, falando com meus pais pelo telefone, comentei que há pouco tempo vivemos a passagem do ciclone extratropical no Vale do Taquari, que foi de uma forma muito concentrada e rápida, causando cenas de filmes de terror.
E agora, tudo parece se repetir com mais intensidade, com essa chuva tão contínua e persistente e que insiste em cair, trazendo tanta dor e sofrimento, destruindo tantos sonhos. Teoricamente, a causa deste vasto fenômeno climático, é o contraste de massas de ar quente e frio, que são jogados na atmosfera, resfriando e transformando a umidade em chuva.
O que nós estamos sendo sujeitados a viver no presente momento, é tudo consequência de como escolhemos tratar a natureza, ou seja, uma parcela da culpa é nossa, sim. É do lixo jogado em qualquer canto, dos desmatamentos e das queimadas em florestas nacionais, da queima do combustível nos automóveis e que assim são lançados no ar. Esse pesadelo não é de hoje.
Então, se você tem uma casa que não entra uma gota de água, agradeça. Uma cama e uma coberta quentinha, agradeça. Refeições no tempo e na hora, agradeça. Um meio de transporte que você consegue se locomover por onde quiser, agradeça.
Minha total admiração aos voluntários que ofereceram tudo de si nesse momento tão difícil, as doações vindas de todos os cantos do país, a empatia de todo esse povo se mobilizando a ajudar o nosso amado Rio Grande do Sul.

Se você tem uma casa para voltar todo dia depois do trabalho, da escola ou da faculdade, levante as mãos para o céu, por que tem gente que não tem nem a casa para voltar.

Joice Figueiredo: Por Maurício Rosa.

Joice faz parte de um movimento de jovens autores que vêm surgindo, não só em São Sepé, mas em vários lugares por onde passo. É sepeense e cursa o primeiro semestre de Jornalismo na UFSM, tenho certeza que será uma grande redatora. Esse movimento de escrita é muito importante, pois o que somos sem as palavras? Joice, apesar de jovem, tem uma veia poética muito forte e, na escrita, não resta dúvidas que será uma grande autora já que deseja também ser uma.
Eu não vou protestar e nem mendigar atenção dos “senhores” ou você sai do lugar para mudar, ou você muda o lugar. Apenas faço o que é certo, trazer esses autores, já que, modéstia à parte, fui um dos primeiros a dar esse passo há alguns anos. Não vejo problemas em dividir meu QI de 179 (sim, eu sou diferente), não gosto da palavra gênio. Também não vejo problemas em descobrir alguém que escreve melhor do que eu, ao contrário de autores mais experientes que não aceitam que jovens escrevam melhor, só por serem jovens. Fico muito orgulhoso quando recebo as crônicas e mais feliz ainda na confiança que me depositam e ainda mais feliz com a qualidade.
Parabéns, Joice.
Sigam o perfil da Joice @sensivelmenteescrevendo e acompanhem o trabalho dela. É muito rico e inspirador.

Texto – Maurício Rosa.