Longe de mexericos- Sérgio da Silva Almeida. Crônica  

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Essa semana, uma mãe postou em seu perfil no Facebook a imagem de um exame de gravidez do Laboratório Pasteur, com o comentário: “Para os fofoqueiros de plantão está aqui: minha filha não está grávida. Eita cidade triste, povo de língua grande! Quando forem falar de mim ou da minha família peçam meus boletos para pagar também, ‘capetaiada’”.

A postagem rendeu vários comentários. Eis alguns: “Tem gente que não tem o que fazer. Quem trabalha não tem tempo para estar falando da vida dos outros”. Outro: “Há, mas para se meterem, darem palpites ou falar da vida dos outros, é o que mais sabem fazer”. E mais outro: “Linguarudo é o que mais tem, minha amiga”.

A fofoca – também chamada de bisbilhotice, mexerico, disse me disse – consiste no ato de descobrir uma informação – que pode ser verdade ou fake news – sobre alguém e, mais adiante, contar isso a uma ou mais pessoas, “pelas costas”. Por sua própria característica, a fofoca é tóxica e possui consequências destrutivas, pois, muitas vezes, leva o fofoqueiro a ter que se explicar, desmentir terceiros e até, em casos mais extremos, a entrar em conflito com outros.

Jesus, ao concluir o Sermão da Montanha, alertou que o ser humano tem a tendência de perceber o cisco que está no olho do outro e não repara na trave que está no seu olho. E como o que falamos traz consequências para nós e para outras pessoas, é preciso pensar e refletir antes de falar. Como diz no Livro de Provérbios: ““O que guarda a boca e a língua guarda a sua alma das angústias”.

Eu, quando sou tentado a propagar uma fofoca, costumo fazer uso dos três critérios: verdade, bondade e necessidade, atribuídos ao filósofo Sócrates, que li certa vez. Eu pergunto a mim mesmo: “Tenho certeza de que o que vou dizer é verdade, é bom e é necessário que seja dito?”. Apesar de já ter “dado com a língua nos dentes” algumas vezes, o uso dos três filtros de Sócrates tem me deixado longe de mexericos