”Meu Barbeiro” Elpidio Santana

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“MEU BARBEIRO”

(Em memória de meu pai)

Na oficina o barbeiro leva e traz a notícia

Da cidade, do interior, d´uma verdade qualquer

Do futebol , da política, das brigas co’a milícia

Fala bem dos amigos, seja homem ou mulher.

De gente pobre e humilde, de gente rica e chique

Vai moldando em cada rosto, barba, cabelo e bigode

Conta causos no compasso da tesoura que faz tic,

E o freguês, se antes triste, de rir quase se explode.

Oficina mui bendita, que não apara só os pêlos,

Donde as almas saem alegres porque se poda a tristeza,

E todos ficam bonitos e, os que já eram, mais belos.

Psicólogo, palhaço, cientista, benzedeiro,

Cuida do corpo e d’ alma, da saúde, da beleza,

Tens o dom de esteticista, és um artista barbeiro.

Meu velho aconselhou-nos que estudássemos, pois, não tinha bens materiais para deixar aos filhos e, orgulhosamente, posso dizer que todos seguimos seus conselhos, nossa maior herança. Fui barbeiro, (ainda corto os cabelos de meus netos), cuja profissão aprendi com meu pai que, da qual tirou os meios para, junto com nossa mãe, criar seus onze filhos. Neste janeiro (19) completaria cento e onze anos