Sepeense brilha como redator roteirista dramaturgo e escritor pelo Brasil
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Conhecer histórias de sucesso de sepeenses que deixaram sua cidade na busca de sonhos profissionais.
Com este objetivo estamos trazendo essa reportagem especial com Clausen Ineu Munhoz, jornalista, redator roteirista dramaturgo e escritor. Um jovem que deixou São Sepé e hoje brilha no mundo da produção de roteiros e textos interpretados por grandes artistas, atores e jornalistas de renome do Brasil.
Reportagem: Luís Garcia.
Conheça a história e trajetória profissional de Claussen Munhoz:
JG: Quem é Claussen Munhoz? Conta um pouco da tua vida familiar e tua infância e juventude em São Sepé.
Claussen: Sou redator roteirista dramaturgo e escritor, nascido e criado no bairro Kurtz, filho de Rosângela (Tia Rô) e do Clóvis, e como ouvi muitas vezes na infância, “sou da gente dos turcos”. Tive a sorte de nascer em uma família que sempre me incentivou a ter contato com a arte e a cultura, comecei a dançar e a declamar aos 3 anos no CTG Pingo Amigo, aprendi música nas aulas de piano da Olga Ineu e depois na banda da Valmarath, me aprofundei na literatura graças a Biblioteca Clara Gazen, cantei, fiz teatro e artes plásticas nas oficinas do Centro Cultural e comecei a conhecer e me encantar pela diversidade do país nas viagens do Grupo Caami. Mas acho que pra resumir mesmo, sou um menino que se apaixonou pela ficção e pelo audiovisual ao diariamente tomar café assistindo Sessão da Tarde na casa da Vó Negra.
JG: Sobre tua formação profissional?
Claussen: Fiz o ensino médio no CESS, na época em que existia o PEIES, pelo qual fui aprovado em Letras Espanhol, na UFSM. Após 2 anos de curso, troquei minha matrícula para Português e Literaturas e após passar por pesquisas em Fernando Pessoa e Dostoiévski, pela crítica literária estudando narrador, até que cheguei em uma pesquisa sobre adaptações literárias para o cinema, e então mergulhei nos estudos de roteiro. Desde então estudei Roteiro na Academia Internacional de Cinema, e fiz uma pós-graduação em Formação de Escritores de Ficção, no ISE-Vera Cruz, ambos em São Paulo.
JG: Você se formou e decidiu buscar novas oportunidades fora. Como foi essa decisão e caminhada profissional?
Claussen: Por mais que a internet já estivesse consolidada em 2010, o trabalho remoto não fazia parte nem da imaginação das pessoas na época. A graduação em audiovisual mais próxima era em Florianópolis, e como eu já tinha uma graduação sobraram duas alternativas: fazer mestrado na UFF, em Niterói, universidade do meu orientador, ou tentar a sorte na vida profissional em São Paulo, fazendo um curso de escrita que era profissionalizante. Nesse curso lancei meu primeiro curta, chamado “Páginas em Branco”. Eu não lembro muito bem da tomada de decisão, mas lembro que minha mãe e minha irmã compraram uma passagem só de ida e disseram vai. E duas semanas depois eu estava no aeroporto de Guarulhos, com uma mala de roupas e uma de livros, com medo de sair do aeroporto por entender que depois que eu passasse pela porta não tinha mais volta. Três semanas depois fui fazer uma entrevista para ser revisor em uma multinacional e durante a entrevista foi questionado se eu não queria trocar o teste de revisão por um de roteiro. Aceitei e passei. Em um ano escrevi mais de 100 vídeos para a indústria farmacêutica, mas acabei cansando do ambiente corporativo. Resolvi mudar para um lugar mais criativo e comecei a trabalhar em uma produtora de vídeo onde lancei meu primeiro documentário, “A Vila”, em homenagem ao centenário do Santos F.C.. Nessa produtora comecei a atuar como jornalista, tirei meu registro da profissão no Ministério do Trabalho e acabei me tornando redator-chefe. De lá fui para a matriz no Brasil do Banco Santander como produtor de conteúdo para redes sociais. Depois fui convidado para trabalhar na MTV onde fiz o programa Hermes e Renato, e então voltei a produzir conteúdo sobre cultura para o Banco Itaú onde por dois anos dividi meu tempo escrevendo também para o UOL.
JG: O que você faz atualmente e onde reside?
Claussen: Em 2016, enquanto orbitava entre a publicidade e o jornalismo recebi um convite para assumir a coordenação de jornalismo do gabinete do Ministro da Cultura, Juca Ferreira. Aceitei o desafio e mudei para Brasília, gerenciando por 3 meses a crise da Lei Rouanet nas redes sociais. Após o golpe, fiquei ainda por 4 meses na gestão do Ministro Marcelo Calero, mas acabei optando por voltar ao mercado privado. Desde então sou Head de Conteúdo de uma agência de live marketing e cuido do planejamento do Banco BRB, Sebrae Nacional e Caixa.
JG: Sobre os roteiros que você escreve e são interpretados por vários artistas e atores?
Claussen: A pandemia fez com que a experiência de marca migrasse para as lives do digital, e com isso a necessidade de criação de roteiros para os mestres de cerimônias dessas lives. Desde 2020 tive a oportunidade de roteirizar Zeca Camargo, Dan Stulbach, Luciana Barreto, Rafael Vicente, Leilane Neubarth, Regina Casé e Dudu Bertholini, entre outros. Tem sido sempre momentos mágicos, pois quando era criança assistia essas pessoas na TV e pensava que eles eram inalcançáveis e os admirava pelas suas falas e por sua inteligência. Hoje, sei que o tempo todo havia um colega de profissão escrevendo os textos que eles estavam falando e de certa forma acho que foi mais um sonho de criança realizado.
JG: A leitura é algo que você carrega desde a infância, tanto que tua mãe conta que você sempre sumia de casa, mas podia saber que ia te encontrar na biblioteca municipal. O quanto o gosto pela leitura te ajudou e tem contribuído na tua vida profissional?
Claussen: Eu não seria quem sou hoje sem a literatura. Desde a poesia gaudéria, aprendida em casa, aos incentivos dados pelos professores incríveis que tive na rede pública. Num universo em que internet não existia, foram os livros que me acompanharam e me mostraram que existia um mundo imenso ao qual eu ainda não tinha acesso, e foi essa curiosidade que me impulsionou a me jogar no mundo e tentar fazer da minha vida uma história interessante. Mas esse “gosto” só foi possível pelo incentivo que tive dentro de casa, no CTG e na escola.
JG: Com tanto talento para a escrita era inevitável que viria as obras de tua autoria. Como surgiu sua primeira obra?
Claussen: Minhas primeiras publicações foram fanzines, na época da faculdade. Eram pequenos livros de poemas e contos replicados com xerox e vendidos em congressos e seminários de letras. Depois, já em São Paulo, publiquei alguns contos e crônicas em revistas literárias da época. Um desses contos foi lido por um produtor e resultou no meu primeiro roteiro de ficção, uma série infantil chamada “Maria Bonita”, que será lançada ainda esse ano. Em 2022, fiz minha estreia no teatro, com a peça “Avô Árvore Menino Pássaro”. Esse ano também estreia meu segundo espetáculo infantil, “Amigos Falsos”. Além disso, tenho um documentário em finalização, “Desigualdade Planejada” e estou trabalhando em uma série adulta. Tenho um romance e um livro de contos finalizado, mas ainda não senti vontade de publicá-los eles estão guardados na gaveta enquanto desenvolvo um outro romance que me parece mais conectado ao contexto atual.
JG: Papel da imprensa e dos profissionais sérios em tempos de mídias sociais polêmicas e até fake news?
Claussen: Eu tive que enfrentar fake news em dois momentos da minha carreira, no Ministério e em um freela para a campanha de 2018. Jornalistas são fundamentais nessa batalha, desde os que têm um alcance nacional, até os veículos de imprensa regionais. Eu não gosto do termo “fake news”, prefiro usar “lorota”, que me remete a fofoca que é algo que sempre esteve entre nós. Reputações sempre foram destruídas por pessoas mal-intencionadas, a maior mudança para os dias atuais é a velocidade com que essas mentiras são difundidas. Como profissional da área, sei que não existe jornalismo imparcial e por isso leio cada notícia em pelo menos 3 veículos diferentes para entender como elas estão sendo editadas em cada uma de suas versões, mas sei que nem todo mundo tem esse tempo. Acho que as mídias sociais trouxeram uma pressão nas pessoas por se posicionarem o mais rápido possível e é fazer parte do assunto que as encanta. Falta as pessoas entenderem que se você não entende de determinado assunto está tudo bem não emitir uma opinião sobre, ou não compartilhar uma opinião que você não tem conhecimento suficiente para julgar se está correta. Na dúvida, diga “não vi, depois eu vejo”.
JG: São Sepé como está hoje na tua vida? Vem seguido visitar a família ou fica só as lembranças da cidade?
Claussen: Vou muito menos do que gostaria, infelizmente, principalmente após a pandemia, quando as linhas que ligam o centro do estado a Porto Alegre foram praticamente extintas. É impossível separar São Sepé da minha vida, principalmente porque sempre pensam que sou de Porto Alegre, e quando digo o nome da minha cidade preciso explicar que esse nome vem de Sepé Tiaraju (ainda quero escrever a história dele). Volto sempre que posso e revivo minha infância e adolescência pelas ruas da cidade e pelas casas de amigos e parentes.
Confira Reportagem do Correio Braziliense sobre trabalho de Claussen Munhoz.
Clique no link.
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Com a Jornalista Leilane Neubarth
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Com o Jornalista Zeca Camargo
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Claussen Ineu Munhoz
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Clausssen com Regina Casé