Tolerância em tempos de um mundo com pressa- Joice Figueiredo- Crônica
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O mundo é vivido com tamanha velocidade e ela quem termina controlando o ritmo da vida das pessoas. Tudo acontece num piscar de olhos e quem tenta acompanhar o trem em movimento dificilmente consegue um lugar à janela, porque a questão é que ninguém tem a impassibilidade de parar o trem, esperar as pessoas se encontrarem e seguir adiante.
Já é algo enraizado na sociedade viver sendo moldado pela urgência constante, manter a tolerância tem se tornado uma tentativa inviável, pela pressa de um raciocínio rápido, onde todos são colocados contra a parede do imediatismo sem opção de pensar o melhor a ser falado. Não há como negar que essa vida moderna, incitada por novas tecnologias, acabam contribuindo ainda mais para esse tabu de que errar ou apresentar algum tipo de dificuldade é inaceitável.
A supressão dela acaba tornando o ser humano ainda mais impaciente, não conseguindo aceitar as diferenças das pessoas, o ritmo que cada um e principalmente o ponto de vista que cada pessoa defende ser o certo.
Na correria do dia a dia não nos lembramos de ouvir e nem compreender algumas situações que desfilam diante de nós.
No contraste das diferenças de cada um a tolerância acaba sendo muito ausente, pois quase ninguém está disposto a aceitar a forma que cada um escolhe pensar e defender seus valores.
O que precisamos é entender que ser tolerante não é ser fraco, muito pelo contrário nos torna mais humanos e nos ensina a olhar para as pessoas com mais acolhimento, independente de sua classe social, cor da pele ou porte físico.
Ser tolerante não é apenas ter paciência, mas sim desacelerar, analisar muito antes de entregar qualquer perspectiva.
É se colocar no lugar do outro, entender que cada pessoa necessita viver suas próprias dificuldades e evoluir no seu próprio tempo. É respeitar as diferenças, disponibilizar-se a ouvir mais e falar um pouco menos, olhar mais olho no olho, permitir que errem e que aprendam sem medo do que tiver a sua espera.
Ser tolerante também é um ato de amor, pelo seu próprio interior e aos outros, abrindo espaço para respeito e aceitação de quem é diferente da gente. É saber aceitar que todos nós temos nossas guerras interiores e que as vezes quando não parecemos bem precisamos de um olhar acolhedor e não atitudes que nos façam sentir-se invisíveis.
A tolerância nos permite ser para as pessoas o que gostaríamos que em algum momento sejam a nós.