Um par de tênis e um sonho- Sérgio da Silva Almeida- Crônica

A postagem de minha sobrinha Marina Siqueira, maquiadora e cabeleireira em Cachoeira do Sul, em sua página no Facebook, é um emocionante testemunho de superação.
Ela compartilhou: “Hoje realizei o sonho de participar da minha primeira rústica! Foram quase 3 km desafiadores ao lado do Heitor, e, honestamente, tempos atrás, jamais imaginaria ser capaz de completar algo assim”.
Após duas gestações, o diagnóstico de Transtorno de Ansiedade Generalizada (TAG) e um burnout – estado de exaustão física, emocional e mental causado por estresse prolongado, geralmente relacionado ao trabalho –, Marina relata que “seu corpo se afastou de sua mente”. A obesidade, musculatura enfraquecida, dores na coluna e dificuldades motoras passaram a desafiá-la constantemente, especialmente sendo mãe de Heitor, de seis anos, e Cecília, de 3, crianças cheias de energia.
Diante dessa realidade, Marina decidiu não ser mais refém de seu corpo cansado. Iniciou treinos regulares, voltou à academia e se comprometeu a recuperar sua força, energia e, principalmente, a confiança em seu potencial. Seu primeiro desafio foi a Rústica da UFSM.
Marina participou na categoria iniciante, sem se importar com o tempo ou a posição. Seu objetivo era simbólico: criar memórias, se desafiar e, principalmente, inspirar seus filhos. Ela e Heitor correram juntos, mas, no final, o cansaço fez com que ele diminuísse o ritmo. Com paciência e carinho, Marina esperou por ele na reta final.
Essa corrida, marcada pela superação, se transformou em uma lição: quando a mente se empenha, o corpo se adapta. Apesar da fascite plantar, ela foi além de seus limites, alcançando a linha de chegada.
Marina foi uma das grandes vencedoras da prova: venceu a si mesma. Para derrotar as barreiras internas que, até então, pareciam intransponíveis, ela precisou de uma mente determinada, capaz de acreditar no que parecia impossível e, é claro, de um par de tênis e um sonho.