Viver intensamente não é viver perigosamente- Sérgio da Silva Almeida

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Viver intensamente não é viver perigosamente

Vivemos na era das emoções à flor da pele. O que antes era considerado ousadia, hoje virou conteúdo. Saltos, voos, trilhas, selfies em penhascos, fotos com vulcões ao fundo — tudo por um pouco de adrenalina e muitos cliques nas redes. Mas há uma linha tênue entre viver intensamente… e ultrapassar os limites da prudência.

Dias atrás, o Brasil assistiu, estarrecido, a uma tragédia: um balão de ar quente, repleto de turistas, pegou fogo no ar e caiu. O que deveria ser um voo leve e encantador pelo céu virou um pesadelo sem volta. Oito pessoas morreram.

Outro episódio que correu o mundo foi o da jovem, apaixonada por natureza e aventura, que morreu ao tentar tirar uma foto à beira de um vulcão ativo. A região era perigosa, com placas alertando sobre o risco. Mas o desejo por uma imagem “épica” falou mais alto. Um passo a mais, e o sonho virou silêncio.

Confesso: nunca fui fã de aventuras arriscadas. Uma vez, ainda jovem, entrei na fila do Kamikase — aquele brinquedo que gira em looping, de cabeça pra baixo. Influenciado pelos amigos, comprei o ticket e fui. Enquanto a fila andava, meu coração disparava. Quando chegou a minha vez, a moça da entrada esticou o braço e disse: “Lotado.” Bah… que alívio! Aquilo, pra mim, foi um sinal claro de Deus.

Anos depois, no Beto Carrero World, meus filhos e minha esposa partiram para os brinquedos radicais com o brilho nos olhos típico dos aventureiros. Eu? Preferi a Ferrovia DinoMagic, aquela em que cowboys “assaltam” o trem a cavalo. Eles riram de mim, claro. Mas eu estava ali, sorrindo, com os pés firmes no chão, curtindo minha própria versão da aventura.