Viver mais e viver bem- Sérgio da Silva Almeida

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Em 2016, a revista Veja Saúde perguntou ao Pelé: “Como você conseguiu levar uma vida saudável ao longo de toda a sua vida?” O Rei respondeu: “Graças a Deus eu tenho uma base muito boa. Meu pai sempre teve muita saúde e minha mãe tem 100 anos e está viva. Além disso, eu sou bem disciplinado em relação à minha saúde. Sempre dormi cedo e procuro me alimentar bem”. E brincou, fazendo trocadilho com a cidade mineira onde nasceu: “E não dá pra esquecer que eu sou um homem de Três Corações [risos]”.

Pelé faleceu no dia 29 de dezembro, aos 82 anos. Três dias depois, no primeiro dia do ano novo, meu pai, que diferentemente do rei do futebol nunca deu bola para exercícios físicos e sempre passou longe do conselho “tome café da manhã como um rei, almoce como um príncipe e jante como um mendigo”, comemorou seu 85º aniversário. Edi Costa, vizinha de minha sogra, que vai completar 98 anos, revelou seu segredo para uma vida longa: “A espiritualidade é uma aliada da longevidade”. E Vanilda Taborda, que dirige sozinha de Porto Alegre a Cachoeira e durante a pandemia fazia o supermercado para os idosos do condomínio onde mora, em Porto Alegre, me contou feliz da vida: “Dia 18 farei 86 anos”.

Como é comprovado, seguir um estilo de vida saudável pode reduzir o risco de doenças crônicas, mas será que existe um segredo para prolongar a vida? Segundo Kane Tanaka, japonesa de 119 anos, considerada até sua morte, em 2019, como a pessoa mais velha do mundo, o cabelo grisalho é resultado de “fazer cálculos matemáticos e se manter curiosa com relação a tudo” (desde então, o posto passou a ser da freira francesa Lucile Randon, que fará 119 anos em fevereiro). Já para o espanhol Saturnino García, de 112 anos, considerado “o homem mais velho do mundo”, o jeito para viver mais é levar “uma vida tranquila e com a consciência limpa”.

Eu, além de seguir uma receita própria para a longevidade (estar sempre correndo atrás de sonhos novos e loucos; procurar fazer parte da solução, não do problema; e me manter sempre em movimento), seguia Leonardo da Vinci: “A vida bem preenchida torna-se longa”. Porém, desde que descobri que da Vinci morreu aos 67 anos, não me preocupo tanto em viver mais, mas em viver bem. Vai que Deus me permita os dois!